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Ideologia e objetividade nas Ciências Sociais

Por Ricardo Normanha Ideologia e ciência são conceitos necessariamente opostos? É possível praticar uma ciência objetiva livre de ideologias e visões de mundo? Afinal, o que é ideologia? O termo ideologia é um dos mais controversos, ambíguos e repletos de significado na história do pensamento moderno. De acordo com o sociólogo Michael Löwy, o termo foi inventado no início do século XIX por Destut de Tracy e se referia a uma “ciência das ideias”, um estudo das ideias. É uma definição bastante vaga e imprecisa, mas de certo modo, serve como base para o desenvolvimento de definições mais elaboradas ao longo do tempo. Um dos mais importantes pensadores a discutir a questão da ideologia é o alemão Karl Marx que, em meados do século XIX, a definiu como uma falsa consciência. Ou seja, para Marx, ideologia é um conjunto de ideias, socialmente construídas, que os indivíduos elaboram sobre a realidade, mas que não correspondem à realidade concreta. São ilusórias e servem para mascarar
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A Sociologia de Pierre Bourdieu

Por Ricardo Normanha* Pierre Bourdieu (1930-2002) foi um sociólogo francês contemporâneo e que trouxe grande contribuição para o desenvolvimento da sociologia no século XX. A obra de Bourdieu toca em diversos temas importantes da nossa sociedade, como as relações de poder e dominação, a questão da educação como reprodutora das desigualdades e os mecanismos de violência simbólica. Pode-se dizer que Pierre Bourdieu elaborou uma verdadeira teoria social, uma vez que suas contribuições tentam dar conta da complexidade da sociedade e das relações dinâmicas e dialéticas entre a ação dos indivíduos e a estrutura social É buscando compreender essas relações (indivíduo x sociedade / ação x estrutura social) que Bourdieu retoma os pensadores clássicos da sociologia e coloca-os em um diálogo improvável, já que as obras de Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber apresentam diferenças substanciais entre si. De todo modo, Bourdieu consegue captar elementos importantes das teorias sociais d

Educação no Brasil: balanços e perspectivas

Por Ricardo Normanha* O tema da Educação no Brasil tem sido, desde há muito tempo, um dos mais discutidos quando se analisa os problemas da sociedade brasileira e os desafios para a construção de uma sociedade menos desigual. Não é à toa que a educação sempre aparece como prioridade nos discursos de políticos e nas campanhas eleitorais. Mas o fato é que muito pouco se consegue fazer para transformar a realidade da educação no Brasil. E por que é tão difícil mudar essa situação? Por que as propostas de melhoria da educação não saem do papel ou dos discursos das campanhas eleitorais? A educação por si só seria capaz de promover uma mudança na sociedade como um todo? Para iniciarmos a discussão em torno dessas questões – e sem ter a pretensão de respondê-las – é necessário compreender de que forma a educação se relacionou com o processo de formação da sociedade brasileira e como ela se constitui ( ou deixou de se constituir) como uma política de Estado. A educação na colônia

O que é financeirização da economia?

Por Ricardo Normanha* Uma rápida olhada nas notícias do dia é suficiente para percebermos a importância e a centralidade do mercado financeiro na economia mundial contemporânea. Sobe e desce das bolsas de valores, taxa de juros, mercado de ações, especulação, grau de investimentos, tesouro direto, títulos da dívida pública, grupos de investimentos. Todo esse vocabulário, próprio dos editoriais de economia, muitas vezes confundem mais do que explicam. Para um leitor leigo, o mercado financeiro parece algo distante. Ao mesmo tempo, a financeirização da economia é um processo que afeta a todos de maneira direta. Talvez seja exatamente por isso que não se queira explicar muito sobre o seu funcionamento. De todo modo, o propósito deste texto não é exatamente explicar o funcionamento do mercado financeiro, mas sim o processo histórico, econômico e social que fez com que o setor financeiro ganhasse tanta importância nas últimas décadas. E esse processo que chamamos de financeiriza